segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Nem sempre é fácil conversar com a rede

Conversar com a rede. Parece fácil, mas nem sempre é. Nós, que editamos sites de informação, já abrimos espaço para comentários, recebemos opiniões e sugestões de pauta por e-mail, espalhamos o nome do nosso veículo no Orkut, Facebook, postar links e mais links do Twitter, a mais nova onda do momento. E de fato, o que temos? Estamos preparados para dar atenção a quem nos lê? Na produção corrida da redação, em que temos que preparar a pauta, editar, subir a matéria no ar, estar on-line 24 x7, temos tempo de fato para analisar o conteúdo que os usuários nos dão? Nos dedicamos a dar ouvidos a eles?

Se já não existem (quase) 'exclusivas', se a agenda do governo, das empresas, das associações é cada vez mais pública, no sentido de aberta, em que ponto podemos nos diferenciar do que é publicado pela maioria dos sites, do que virou 'senso comum' de que é notícia? O caminho para diferenciação de nosso veículo seria, portanto, estabelecer uma nova agenda, que fosse capaz de incluir, abranger e dar voz ao nosso público, o leitor. Aquele que entra com frequência no site e quer deixar um comentário. Quer dar sua opinião em uma enquete. Quer mandar, para amigos, uma matéria e foto por e-mail. Quer colaborar com uma foto e um vídeo da sua realidade. Quer dizer que matéria, música, serviço quer ver no site. Enfim, quer acrescentar. E pode fazer toda a diferença.



Vídeo enviado pelo leitor Jr., após produção de videotutorial que orienta a publicação na plataforma de vídeos UOLMais

Mas como dar unidade ao conteúdo 'caótico' enviado, reportado, comentado pelo público?  A capacidade do público de produzir sugestões, comentários, fotos, vídeos é muito maior do que a própria redação. Como gerenciar tudo isso?  E como estabelecer uma integração desse 'caos' com a linha editorial do veículo? Como formar essa comunidade de informação?

O caminho muitas vezes adotado é colocar um 'espacinho' para o público, deixando claro que é 'do público'. De uma maneira bem presunçosa, a colaboração é tratada, na maioria dos veículos, como de 'segunda linha', que não interfere de fato no conteúdo 'mais nobre' do jornalismo tradicional.

Porque, se for para levar ao pé da letra, dar voz ao público quer dizer inverter uma ordem estabelecida, até então, por aqueles que detêm a informação e já estabeleceram um sistema para definir o que é relevante, quais são as fontes confiáveis, o que é manchete, que foto deve abrir o jornal, que matéria merece suíte. Os que sabem o que é notícia... ;)

Então delimitamos o espaço onde o público pode colaborar para não corrermos 'riscos'. Porque existe o 'terror' de cair na mão de 'oportunistas da informação'... Como estabelecer uma relação de confiança com o público, que, em sua maioria, é nosso desconhecido? Podemos ter ótimos colaboradores, pertinentes e atentos, mas já vi péssimas experiências com conteúdo enviado pelo leitor



O caso da foto ao lado, por exemplo, foi um marco para a redação, e deixou a todos com muitos 'pés atrás' com o nosso público.

Devemos sobretudo entender a natureza que move nosso público. Eles são passionais, informais, não medem o que falam... e também podem ser truqueiros, banais e irrelevantes. Mas alguém precisa parar e ler o que eles estão falando. Quem se habilita?